Heart Team: Médicos do Ana Nery debatem casos complexos de pacientes

Foi realizada na manhã desta terça-feira, 28 de junho, mais uma reunião semanal do Heart Team (Time do Coração) do Hospital Ana Nery.

Formada por equipes de cirurgiões cardíacos, anestesistas, cardiologistas clínicos, hemodinamicistas, enfermagem especializada, engenharia clínica e direção médica, o Heart Team tem como foco discutir os casos mais complexos, nos quais a decisão de intervir de forma percutânea ou cirúrgica não está clara.

Nesta terça (28), foram discutidos os casos de duas mulheres (58 e 72 anos) e dois homens (com 46 e 56 anos).

Nas reuniões do Heart Team, cada apresentação é liderada pelo clínico líder da enfermaria, com a apresentação feita pelo residente. Todos podem opinar e, em caso de não haver consenso, o clínico líder pode conduzir de forma orientada pelos melhores interesses do paciente e sua família.

Para casos mais avançados, há a participação da equipe especializada de cuidados proporcionais e paliação.

Além disso, todas as reuniões são registradas e compõem um acervo para pesquisa e consulta de casos complexos conduzidos pelo hospital.

Confira a decisão do caso apresentado na reunião anterior:

  • Mulher de 58 anos, com hipertensão arterial (HAS), diabetes (DM) não insulinodependente, obesa, dislipidêmica, ex-tabagista, portadora de doença arterial coronariana (DAC), tendo realizado angioplastia transluminal coronária (ATC) de coronária direita (CD) em 2013 com 2 stent’s, mais ATC de CD em julho de 2021 com 3 stent’s. No último mês foi a emergência 3 vezes devido a angina CCS (Canadian Cardiovascular Society) II-IV. Já no dia 10/06/2022, enquanto aguardava consulta ambulatorial no HAN, evoluiu com episódio de angina instável, dispneia, náuseas e vômitos, além da ausculta pulmonar evidenciar crepitação bilateral até terço médio. Logo, foi admitida em UCV 3 para melhor entendimento do quadro clinico da paciente. Com isso, foi realizado ecocardiograma transtorácico (ECOTT) que constatou disfunções sistólicas dos ventrículos, insuficiência mitral de grau grave (Carpentier III A), insuficiência tricúspide de grau moderado, fração de ejeção (FE) de 42% e hipertensão pulmonar com pressão sistólica em artéria pulomar (PSAP) de 75mmHg. Além disso, realizou cinecoronariografia (CATE) que demonstrou coronárias com padrão de lesão biarterial grave, reestenose de stent na CD, circulação colateral de múltipla origem para descendente anterior (DA) (grau III Rentrop) e circulação colateral de coronária esquerda para CD (grau I Rentrop). Devido ao infarto do miocárdio (IM) grave de possível etiologia reumática mais o evento isquêmico com leito desfavorável para RM esse paciente foi levado para discussão em Heart Team, com a proposta inicial de cirurgia de revascularização miocárdica (RM) e uma troca de valva mitral (TVM).
    Decisão Heart Team: diante do IM grave primário, optado por seguir com cirurgia de TVM e RM.

 

  • Homem de 90 anos, ex tabagista, HAS, etilista e com passado de 2 infartos agudos do miocárdio (IAM) em 2012 e 2014 segundo o paciente. No dia 15/05, às 23h, iniciou quadro de parestesia em membros superiores (MMSS), evoluindo com dor torácica em peso, de intensidade 4/10, associada a palpitação. Foi atendido pelo SAMU e transferido para UPA, onde foi dosada troponina reagente no dia 16/05 e realizado eletrocardiograma (ECG) que evidenciou inversão de onda T em parede anterolateral, com infradesnível do segmento ST em V3 – V5 (TIMI risk 5 (alto risco)). Com isso, foi internado em um hospital, evoluindo sem recorrência dos sintomas, no qual fez CATE em constatou lesão grave em terço médio da DA com presença de importante lesão aneurismática proximal à lesão, gerando desproporção significativa de calibre em uma possível intervenção percutânea. Caso foi levado ao Heart Team, com a proposta inicial de angioplastia coronariana (ATC).
    Decisão Heart Team: optado por manter em tratamento clinico e rediscutir em caso de refrateriedade de sintomas, visto que se trata de um paciente desfavorável para intervenção percutânea e elevado risco para abordagem cirúrgica.

 

  • Mulher de 77 anos, HAS, diabética, insulinodependente, deu entrada no dia 08/06 em hospital do seu município com quadro álgico em hemitórax esquerdo de leve intensidade e irradiação para escapula esquerda, há 3 dias com piora nas últimas 24 horas. Realizou ECG na unidade que evidenciou isquemia subendocárdica anterior, com suspeita diagnóstica de IAM. Encaminhada para o HAN com quadro de DAC estável para realização de CATE, o qual constatou padrão triarterial (CD, DA, CX) com lesão subocluída na DA ostial e proximal. Caso levado ao Heart Team, com proposta inicial de ATC da DA.
    Decisão do Heart Team: pela característica da lesão na DA proximal, optado por seguir com cirurgia de RM. Contudo, antes se deve avaliar comorbidades e fragilidades no ambulatório de checklist cirúrgico.

 

  • Homem de 58 anos, HAS, diabético, etilista, tabagista, cursou, no dia 9/6 enquanto subia uma ladeira, com dor torácica, EVA (Escala Visual Analógica) 9/10, associada à dispneia (caracterizado como cansaço), formigamento nas mãos, epigastralgia, sialorreia, náuseas e sensação de “bolo” na garganta. Paciente buscou atendimento na UPA referindo o quadro anterior, além de informar também que apresentou quadro similar outras duas vezes anteriormente, os quais melhoraram após repouso. Nessa unidade realizou dois eletrocardiogramas que evidenciaram alteração ventricular em parede inferior e lateral; presença de onda Q patológica e alteração difusa de repolarização ventricular. Devido ao quadro apresentado foi regulado para um hospital, onde realizou ECOTT que constatou FE 56% (S), acinesia dos segmentos basais das paredes inferior e ínfero-septal, remodelamento concêntrico do ventrículo esquerdo (VE), disfunção diastólica do VE e alteração do relaxamento (grau I, leve). Com isso, foi encaminhado para o HAN para realização de um CATE que mostrou CD ocluída e DA com lesão grave proximal segmentar e lesão no terço médio. Caso levado ao Heart Team, com a proposta inicial de revascularização miocárdica.
    Decisão do Heart Team: optado por seguir com cirurgia de RM (utilizar a artéria mamária interna esquerda (MIE) para a DA, avaliar enxerto para CD no intra-operatório).

 

  • Mulher de 51 anos, HAS, tabagista, com hipotireoidismo, cursou com quadro de angina típica, procurando serviço hospitalar em 07/05, no qual foi evidenciado angina instável. Após uma semana mantendo o quadro de angina, foi realizado CATE em 12-05 que constatou padrão triarterial com CD ocluída e DA ocluídas no terço médio e CX com lesão de 75% em terço médio. Devido ao resultado do CATE, e a paciente ter apresentado episódios recorrentes de angina, necessitando de uso de vasodilatador, foi encaminhada para unidade fechada (UCV) para vigilância e iniciado o uso de Tridil. Em 15/06 realizou novo CATE que mostrou CD com lesão de 99% na origem e ocluída em proximal, DA com lesão de 99% em proximal e ocluída em distal e CX com lesão de 90% em proximal. O ECO demonstrou apenas acinesia medial inferosseptal e basal inferior. Diante do quadro de IAM recente com alteração dinâmica de ECG com supra de aVR, mantendo angina refratária apesar de otimização de anti-anginosos orais, porém sem condição de desmame do Tridil por angina em repouso, decidiu-se levar o caso para discussão no Heart Team, com a proposta inicial de tratamento cirúrgico.
    Decisão Heart Team: apesar da anatomia coronariana desfavorável, a paciente segue com angina refratária. Logo, optado por seguir com cirurgia de RM.

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