Foi realizada na manhã desta terça-feira, 7 de junho, mais uma reunião semanal do Heart Team (Time do Coração) do Hospital Ana Nery.
Formada por equipes de cirurgiões cardíacos, anestesistas, cardiologistas clínicos, hemodinamicistas, enfermagem especializada, engenharia clínica e direção médica, o Heart Team tem como foco discutir os casos mais complexos, nos quais a decisão de intervir de forma percutânea ou cirúrgica não está clara.
Nesta terça (7), foram discutidos os casos de três homens (32, 43 e 81 anos) e três mulheres (com 46, 61 e 69 anos).
Nas reuniões do Heart Team, cada apresentação é liderada pelo clínico líder da enfermaria, com a apresentação feita pelo residente. Todos podem opinar e, em caso de não haver consenso, o clínico líder pode conduzir de forma orientada pelos melhores interesses do paciente e sua família.
Para casos mais avançados, há a participação da equipe especializada de cuidados proporcionais e paliação.
Além disso, todas as reuniões são registradas e compõem um acervo para pesquisa e consulta de casos complexos conduzidos pelo hospital.
Confira a decisão do caso apresentado na reunião anterior:
- Homem de 67 anos, portador de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr) = 26%, relação normatizada internacional (RNI) 1,2, perfil hemodinâmico B (PHB), com classificação NYHA II (New York Heart Association) e cardiopatia dilatada. Aspecto caquético, IMC 22,7, vem cursando com dor torácica em pontada associada a dispneia, independente do esforço físico, sem melhora ao repouso e evoluindo com piora progressiva desde março/2022. Realizou ecocardiograma (ECO) em 2021 evidenciando aneurisma de seio aórtico e de aorta descendente proximal, sendo assim regulado para o HAN. Foi realizado novo ecocardiograma transtorácico (ECOTT) em 26/05/2022 que evidenciou fração de ejeção (FE) 28% (Simpson), DDVE 84mm, DSVE 74 mm, dilatação aneurismática da raiz da aorta e aorta ascendente, com imagem sugestiva de lâmina de dissecção com origem na raiz da aorta até o arco aórtico. Ademais, paciente com insuficiência mitral (IM) e aórtica grave e volume do ventrículo esquerdo (VE) aumentado.
Decisão do Heart Team: paciente sem condições de realizar dupla troca valvar, sendo assim optado por optimização do tratamento clínico e encaminhamento para o programa de IC (insuficiência cardíaca) avançada, com imprescindível avaliação nutricional. - Mulher de 55 anos, com antecedente de epilepsia, admitida em 16/05/2022 em PO (21/03/2022) de troca valvar mitral (TVMi) (mecânica) com sutura de apêndice atrial esquerdo (Rafia de AAE) e plastia de tricúspide. Estava assintomática, hemodinamicamente estável, sem históricos de sangramento, com RNI abaixo do nível desejado (ultimo RNI: 1,04). O primeiro ECOTT (16/05/2022) apresentava aumento do gradiente da válvula (34 máximo e médio de 14), FEVE: 46%(S), disfunção de prótese mecânica em posição mitral, disfunção sistólica do ventrículo direito, aumento discreto do átrio esquerdo, sinais de plastia tricúspide efetiva. Durante 14 dias de internamento realizou terapêutica anticoagulante (Clexane) efetiva, e foi submetida a ecocardiograma transesofágico (ECOTE) em 26/05/2022, o qual apresentou gradientes máximo de 16mmHg e médio de 8mmHg, e disfunção de prótese mitral mecânica por imobilidade de um dos discos, por provável trombose de prótese – trombo de 4mm. Avaliado pelo clínico líder, que afirma não existir contraindicações perante o checklist de trombólise.
Decisão Heart Team: optado em consenso, por encaminhar paciente para unidade fechada para realização de trombólise. - Homem de 57 anos, hipertenso, com histórico de endocardite tratada há cerca de 10 anos (segundo informação do cliente), evoluindo com sintomas de IC valvar com leak perivalvar mitral importante, CF NYHA II, FE(s): 42%>62%, IM grave com degeneração mixomatosa e ruptura de cordoalha em cúspide posterior. Submetido a troca de válvula mitral (TVM) para prótese mecânica, evoluindo com mediastinite e endocardite de prótese valvar mitral derivada de infecção de sítio cirúrgico. Realizou nova cirurgia para troca do dispositivo, saiu de circulação extracorpórea (CEC) em bloqueio atrioventricular (BAVT), evoluiu com aumento de pressão sistólica em artéria pulmonar (PSAP) de 34 mmHg > 65mmHg e disfunção do ventrículo direito (VD), segundo ecocardiograma transtorácico (ECOTT) de 07/02/2022. Encaminhado para intervenção cirúrgica para troca de valva mitral, mas a proposta discutida é o fechamento percutâneo de leak mitral, o qual depende de uma avaliação mais detalhada e aprofundada, visto que se trata de um paciente com risco cirúrgico elevado por se tratar de 3ª proposta cirúrgica e passado de mediastinite.
Decisão do Heart Team: realizar ECOTE para avaliar factibilidade do procedimento e discutir a possibilidade de fechamento percutâneo de leak. - Homem de 32 anos, portador de cardiopatia reumática, queixando-se de dor torácica e dispneia aos médios esforços, RNI 1,31, com importante insuficiência mitral, leak paravalvar de 5,7 mm com repercussão ecocardiográfica – dilatação cavitaria e disfunção sistólica do VE, diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo (DDVE) 87; diâmetro sistólico do ventrículo esquerdo (DSVE) 69; SI 9,0; PP (espessura da parede ínfero lateral) 9,0; diâmetro da aorta (DAo) 28; diâmetro da átrio esquerdo (DAe) 59; FEVE 42% (s). Passado de dupla troca valvar por próteses biológicas e posterior dupla troca valvar por próteses metálicas.
Decisão do Heart Team: realizar ECOTE para avaliar factibilidade do procedimento e discutir a possibilidade de fechamento percutâneo de leak.