Heart Team debate casos complexos de pacientes do Ana Nery

Foi realizada na manhã desta terça-feira, 21 de junho, mais uma reunião semanal do Heart Team (Time do Coração) do Hospital Ana Nery.

Formada por equipes de cirurgiões cardíacos, anestesistas, cardiologistas clínicos, hemodinamicistas, enfermagem especializada, engenharia clínica e direção médica, o Heart Team tem como foco discutir os casos mais complexos, nos quais a decisão de intervir de forma percutânea ou cirúrgica não está clara.

Nesta terça (21), foram discutidos os casos de três mulheres (51, 58 e 77 anos) e dois homens (com 58 e 90 anos).

Nas reuniões do Heart Team, cada apresentação é liderada pelo clínico líder da enfermaria, com a apresentação feita pelo residente. Todos podem opinar e, em caso de não haver consenso, o clínico líder pode conduzir de forma orientada pelos melhores interesses do paciente e sua família.

Para casos mais avançados, há a participação da equipe especializada de cuidados proporcionais e paliação.

Além disso, todas as reuniões são registradas e compõem um acervo para pesquisa e consulta de casos complexos conduzidos pelo hospital.

Confira a decisão do caso apresentado na reunião anterior:

  • Homem de 48 anos, previamente hipertenso (HAS), com história de 3 infartos prévios – sic – (2016, 2018 e 2020) sem histórico de CATE ou revascularização. Internado há um mês em outro hospital devido a evento agudo, no qual cursou com dor torácica com caráter em aperto de intensidade 8/10, iniciando em ombro esquerdo com irradiação para todo o tórax, associada a dispneia, tontura, náuseas, vômitos e um episódio de síncope. Constatou-se edema agudo de pulmão com alteração de marcadores sanguíneos (Troponina I de 0,46) e ao eletrocardiograma (ECG) infarto agudo do miocárdio (IAM) com supra em parede anterior Killip 3 (TIMI Score 5/ Grace 172). Está internado há um mês em outro hospital, onde realizou Cineangiocoronariografia (CATE) que evidenciou doença arterial coronariana (DAC) com padrão triarterial – lesões graves e sequenciais na artéria descendente (DA), circunflexa (CX) ocluída e lesões graves em coronária direita (CD). Além disso, o ecocardiograma transtorácico (ECOTT) constatou aumento grave de câmaras esquerdas, com função sistólica do ventrículo esquerdo (VE) reduzida de grau grave, com hipocinesia difusa, além de disfunção diastólica do VE de grau II com fração de ejeção (FE) de 23%.
    Decisão Heart Team: tratando-se de um paciente jovem e com risco cirúrgico elevado, optado por tratamento medicamentoso otimizado. Além disso, inseri-lo em acompanhamento no ambulatório do HAN e reavaliar, em 6 meses, a possibilidade de intervenção percutânea.
  • Mulher de 68 anos, HAS prévia, passado de IAM em 2017. Informa que há aproximadamente 1 ano vem apresentando angina aos médios esforços, evoluindo com piora progressiva nos últimos 6 meses quando os sintomas começaram a surgir com mínimos esforços, além de gerar limitações importantes das atividades cotidianas. Foi internada no HAN para realização de CATE, o qual evidenciou padrão de DAC triarterial com lesões em tronco de coronária esquerda (TCE) com lesão excêntrica de 75% envolvendo o óstio e terço proximal, lesão importante em DA e graves em CX. Já o ECO constatou insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) – FEVE de 58,95% (S) – com hipocinesia septal e inferior, classificação NYHA (New York Heart Association) III e perfil hemodinâmico B. Diante disso, paciente estava em otimização da terapia medicamentosa, cursando com angina estável CCS (Canadian Cardiovascular Society) III, e em avaliação de cirurgia de revascularização do miocárdio (CRVM).
    Decisão Heart Team: perante o resultado do CATE que mostrou múltiplas lesões com anatomia desfavorável para intervenção cirúrgica ou percutânea, optou-se por seguir com a otimização da terapia antianginosa e inserir a paciente no programa de reabilitação na tentativa de controlar os sintomas. Caso reincida os sintomas, discutir terapia percutânea de exceção.
  • Homem de 56 anos, HAS, com passado de febre reumática (FR) (em 1994) e acidente vascular cerebral (AVC) em 1994 e 2013, sem sequelas. Já realizou 3 trocas valvares com próteses biológicas (1996/2010/2013), vem cursando há 4 meses com quadro de anasarca que se iniciou como edemas nos pés e atualmente acomete membros inferiores (MMII), abdome e genitália. Refere dispneia em decúbito, oligúria e que já apresentou ascite durante as disfunções valvares. Realizou em 20/05 ECOTT que evidenciou insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) de 66%, função sistólica global do ventrículo direito reduzida (variação fracional da área – FAC – 33%), prótese biológica em posição mitral com insuficiência periprotética moderada, prótese biológica em posição valvar aórtica com insuficiência transprotética moderada e insuficiência tricúspide (IT) moderada com pressão sistólica em artéria pulmonar (PSAP) estimada de 84 mmHg. Ademias, os exames laboratoriais constataram deficiência de ferro (124) e vitamina B12, além de hemoglobina (Hb) limítrofe – 9,6, culminando no diagnóstico de anemia megaloblástica.
    Decisão do Heart Team: diante do caso, optado por otimização da terapia clínica, realização de novo ECO após melhor compensação volêmica e investigação de tromboembolismo pulmonar (TEP) crônico como etiologia da hipertensão pulmonar.
  • Homem de 81 anos, HAS, transtorno de ansiedade generalizado (TAG) prévio, ex tabagista, ex etilista, hemiparesia à esquerda como sequela de AVC em 2021, necessitando de apoio para caminhar. Cursou com dor torácica de forte intensidade 10/10 em constricção, associada a vômitos, sudorese, hipotensão e visão turva às 03 da manhã do dia 19/05. Devido a isso, procurou unidade de pronto atendimento (UPA) apresentando troponina positiva (qualitativa), CKMB e CPK com curvas e ECG com bradicardia sinusal e alteração de repolarização ventricular (posteriormente, zona inativa em parede lateral), necessitando de oxigenoterapia. Realizou CATE que evidenciou DAC triarterial com lesões graves em terço médio da CD, diagonal e em 90% da TCE, com disfunção de 48%, sem IC. Realizou também ECOTT que constatou fração de ejeção de 48%, aumento leve do átrio esquerdo (AE), disfunção diastólica de VE grau II, VE com hipocinesia em vários segmentos, aneurisma do septo interatrial, valva mitral com refluxo leve a moderado, hipertensão pulmonar (PSAP: 46 mmHg) e foi regulado com proposta de realizar uma revascularização miocárdica (RM), advindo de um evento de IAM com supra de ST (GRACE escore 187).
    Decisão do Heart Team: paciente com múltiplas comorbidades e risco cirúrgico elevado, optado por seguir com tratamento percutâneo da lesão da TCE.
  • Homem de 59 anos, diabético, HAS, morador de abrigo, admitido em UPA (11/06/2022) com queixa de desconforto torácico e respiratório, além de mal-estar inespecífico iniciado há 10, com piora no dia anterior. Encaminhado para o HAN para realização de CATE após o ECG diagnosticar arritmia sinusal com zona inativa em parede antero-septal, compatível com IAMSST recente nessa parede. O CATE constatou coronárias – CD, CX e DA – com padrão de lesão triarterial importante, retornando para a unidade de pronto atendimento com indicação de angioplastia.
    Decisão Heart Team: devido à falta de informações mais detalhadas sobre o paciente, optado por solicitar prescrição médica sobre o caso, conversar com médico assistente, e se permanecerem dúvidas sobre a situação clínica do paciente, o regular para avaliação mais aprofundada no HAN.

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