Foi realizada na manhã desta terça-feira, 1º de fevereiro, mais uma reunião semanal do Heart Team (Time do Coração) do Hospital Ana Nery.
Formada por equipes de cirurgiões cardíacos, anestesistas, cardiologistas clínicos, hemodinamicistas, enfermagem especializada, engenharia clínica e direção médica, o Heart Team tem como foco discutir os casos mais complexos, nos quais a decisão de intervir de forma percutânea ou cirúrgica não está clara.
Nesta terça (1º), foram discutidos os casos de quatro homens (com idades entre 51, 60, 72 e78 anos) e duas mulheres (42 e 46 anos).
Nas reuniões do Heart Team, cada apresentação é liderada pelo clínico líder da enfermaria, com a apresentação feita pelo residente. Todos podem opinar e, em caso de não haver consenso, o clínico líder pode conduzir de forma orientada pelos melhores interesses do paciente e sua família.
Para casos mais avançados, há a participação da equipe especializada de cuidados proporcionais e paliação.
Além disso, todas as reuniões são registradas e compõem um acervo para pesquisa e consulta de casos complexos conduzidos pelo hospital.
Confira as decisões dos casos apresentados na reunião anterior:
- Mulher de 56 anos, passado de troca valvar mitral (TVM) biológica, transplante renal recente evoluindo com infecção por Citomegalovírus (CMV) (tratamento com Ganciclovir) e TEP segmentar. Posteriormente, com infecção de corrente sanguínea por estafilo e candida – Eco TE sem sinais de vegetação – prótese biológica mitral com AV>2,0cm², gradiente médio 19mmHg e insuficiência moderada a grave. Paciente evoluindo com dispneia aos mínimos esforços e em repouso, associado a DPN e ortopedia durante internamento com dificuldade do manejo de volemia devido a anúria, com necessidade de HD diariamente (perda de 10Kg durante internamento), com melhora parcial dos sintomas após HD.
Decisão do Heart Team: Diante de paciente com elevado risco cirúrgico de abordagem da prótese mitral neste internamento por quadros infecciosos recentes com uso de ATB de amplo espectro e disfunção do enxerto renal, optado por tentativa de manejo clínico com vasodilatação, com tentativa de otimização de diurético e manejo da estenose de JUP (componente pôs-renal). - Homem de 71 anos, com quadro de IAM SST recente (IAM CSST anterior? – ZEI anterior) em novembro de 2021. Ecocardiograma (ECO) de 17/01/2022 apresentando fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) 26% (Simpson), função sistólica global do ventrículo esquerdo reduzida de grau grave e insuficiência mitral. Realizou cateterismo cardíaco (CATE) com padrão biarterial: lesão grave de descendente anterior (DA) e da coronária direita (CD) dominante. Paciente apresenta dispneia aos médios esforços e edema em membros inferiores.
Decisão do Heart Team: Diante do risco cirúrgico elevado, optado por angioplastia (ATC) da CD e manter a lesão da DA em conservador (DA funcionalmente ocluída, parede anterior acinética com discinesia apical). - Homem de 70 anos, com histórico de troca valvar aórtica (TVAo) em 2013 por prótese biológica. Evoluindo com dispneia e classe funcional NYHA III por disfunção da bioprotese do tipo estenose. Eco com FEVE 20%; VE 75/70 mm; gradiente médio da prótese 36mmHg, disfunção sistólica leve do VD.
Decisão do Heart Team: Paciente com risco cirúrgico muito elevado, diante de evolução natural de doença (disfunção muito grave de ventrículo esquerdo com dilatação muito significativa, além de já apresentar disfunção de VD). Optado por conduta conservadora. - Mulher de 47 anos, hipertensa, doença renal crônica (DRC) dialítica, com quadro de angina relacionada aos esforços e hemodiálise (HD). Com hipertensão pulmonar – PSAP 100 (ECO 14/01). Realizou CPME com isquemia em território de inferior. Realizou CATE com padrão biarterial, sendo lesão grave de DA e lesão com impressão de moderada na CD. ECO em 14/01/2022: Remodelamento concêntrico do ventrículo esquerdo; função sistólica global do ventrículo esquerdo preservada; disfunção diastólica do ventrículo esquerdo de grau I; insuficiência tricúspide moderada; ectasia de aorta ascendente. Evolui com dispneia aos médios esforços.
Decisão do Heart Team: Optado por seguir com ATC de DA. Reavaliar quadro de hipertensão pulmonar antes de seguir com proposta de transplante renal. - Homem de 82 anos, diagnóstico de IAM em agosto 2021. Realizou CATE com padrão triarterial e múltiplas lesões. Eco com estenose aórtica moderada a grave (AV 1,02 cm² e gradiente médio de 37mmHg). Paciente mantendo queixa de dispneia NYHA III. Clínico líder afirma ter impressão clínica de não se tratar de paciente frágil.
Decisão do Heart Team: Optado por seguir com cirurgia de TVAo e revascularização do miocárdio (RM). - Homem de 60 anos, paciente cadeirante, com quadro de angina evolutiva, internamento recente no HUPES por Síndrome de Fournier, com relato de síndrome coronariana aguda sem supra de ST (SCA SST). Durante o internamento. Repetiu CATE com padrão semelhante: DA e CD ocluidas e Cx com lesão difusa. Eco com FE 33% com IM moderada – hipocinesia de segmento apical lateral e acinesia de demais segmentos do ápice. Acinesia do segmento médio anterior. Hipocinesia em segmentos médios basal de parede inferior e médio de parede anteroseptal.
Decisão do Heart Team: Devido a risco cirúrgico elevado (múltiplas morbidades, disfunção grave de VE e anatomia desfavorável para tratamento percutâneo, optado por manter em tratamento clínico otimizado. - Homem de 62 anos, paciente previamente hipertenso e diabético. Evoluiu com quadro agudo de dor precordial. Relato em pedido de regulação de piora de edema em membros inferiores e bolsa escrotal; como também, dor precordial prévia relacionada aos esforços extra habituais. Em 22/12/2021 busco o serviço de emergência por piora dos sintomas, sendo diagnosticado com SCASSST. Realizado CATE em 06/01/2022 com padrão biarterial grave, CD cronicamente ocluída e lesão em DA com lesão grave.
Decisão do Heart Team: Avaliado em discussão anatomia através de filme de CATE, sendo decidido por manter paciente em tratamento clínico.